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Eduardo Bertero - Doctoralia.com.br

Andropausa ou hipogonadsmo masculino ou DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino)

A menopausa, caracterizada pela irreversível parada da ovulação na mulher, marca o fim do período fértil feminino. O equivalente, ou seja, a parada da produção de espermatozóides no homem não existe. Na realidade, existem relatos de homens na nona década que conseguem reproduzir. No entanto, o homem experimenta um declínio gradual de suas funções hormonais, sobretudo na diminuição do hormônio sexual circulante e na produção de espermatozóides.

O termo andropausa não é tão recente. Werner em 1939 foi o primeiro a descrever o climatério masculino como sendo um paralelo à menopausa. Este mesmo autor descobriu que os sintomas relacionados com o processo eram secundários a alterações hormonais. Recentemente vários investigadores comprovaram que as alterações hormonais no homem ocorrem mais tardiamente em comparação com a mulher e são fenômenos mais ocasionais.

Entre os sintomas e consequências da andropausa estão a redução da função testicular e os sinais associados de perda de virilidade, como menor desejo sexual, queda de cabelo, diminuição da massa muscular e do vigor físico, juntamente com sintomas de nervosismo e insônia. Os sintomas da andropausa são similares à menopausa nas mulheres, por isso a andropausa é popularmente conhecida como “menopausa masculina”. Contudo, este termo não é visto como o mais adequado. Alternativas como “climatério masculino” e “andropausa” foram sugeridas, para dar nome à Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), que é talvez a denominação mais precisa. Independentemente do termo escolhido, é amplamente aceito que homens idosos experimentam uma queda na função testicular, resultando em um decréscimo dos níveis de hormônios sexuais circulantes e, consequentemente, impactando negativamente sua qualidade de vida.

Sabe-se que a incidência de disfunção erétil ou dificuldade de ereção aumenta com a idade. Embora doenças crônicas tenham um papel relevante nisso, alguns estudos mostram que existe um declínio da função sexual mesmo em homens sadios. Na realidade, a queda da atividade sexual nos homens após os 50 anos ainda não está bem esclarecida. Alguns estudos mostram que o envelhecimento e as alterações hormonais estão mais diretamente relacionadas com atividade sexual do que com libido. Desinformação, falsa expectativa e atitude derrotista são alguns fatores que podem contribuir para a disfunção sexual do idoso.

A testosterona exerce um papel secundário no declínio da sexualidade masculina no idoso, já que, nos homens, existe um declínio dos níveis de testosterona com a idade, cerca de 1% ao ano. Alguns agentes inespecíficos como saúde deficiente e queda de mobilidade, aumento da incidência de doenças crônicas, considerações da parceira e aumento de disfunção neurológica contribuem para esta diminuição da atividade sexual do homem idoso.

Embora seja consenso de que um declínio dos hormônios sexuais ocorre em homens idosos independentemente de seu estado de saúde, é provável que o meio ambiente traga influências positivas (estimulação) e negativas (supressão) neste processo. Estes fatores ambientais podem ser físico (temperatura, luz, ruído e irradiação), químico (tóxico), biológico (virus e microorganismos), comportamental (alcoolismo, tabagismo e drogas alucinógenas) ou sócio-econômico (nutrição e higiene). Além do efeito agudo, a repetição e o acúmulo gerado por todos estes fatores estressantes, durante uma vida inteira, leva a uma progressiva perda das funções fisiológicas do organismo. É notório que homens com sequelas de doenças crônicas (cardiovascular, pulmonar, hepática, etc) apresentam um efeito negativo nos níveis de testosterona e que, nestas circunstâncias, o declínio androgênico é mais acelerado.

Muitos homens buscam saber como aliviar os sintomas da andropausa e, atualmente, a melhor forma de tratá-la é através da terapia de reposição de testosterona.

Gostaria de esclarecer que a reposição hormonal que defendo em nada se compara ao uso abusivo de testosterona por jovens que frequentam academia e desejam resultados estéticos. Esta é uma forma criminosa do uso indevido do hormônio para fins puramente anabolizantes. São jovens que estão à procura do aumento da massa muscular para fins competitivos ou até mesmo, por narcisismo e acabam tomando doses muito acima dos níveis fisiológicos. Gosto sempre de frisar que este mau uso pode levar a sequelas graves como infertilidade e eventos cardiovasculares e que muitas vezes, podem ser irreversíveis.

Outro fator bastante controverso e debatido é a possível associação entre reposição de testosterona e câncer de próstata. Gostaria de deixar bem claro de que a administração de testosterona em homens com DAEM não causa câncer de próstata e já existem várias pesquisas clínicas que comprovam este fato. No entanto, caso o homem seja portador de um tumor maligno da próstata, mesmo que incipiente, este poderá progredir às custas da reposição. A minha mensagem e sugestão são de que sempre que seja iniciada a terapia com hormônio masculino, deverá ser investigada sobre a possibilidade ou não da presença de câncer de próstata. Isto deve ser feito com a dosagem sanguínea de antígeno prostático específico (PSA), toque retal e em alguns casos, biópsia de próstata. Depois de afastado qualquer chance de ter câncer de próstata é que devemos iniciar a terapia de reposição.

A reposição poderá ser feita de três maneiras: oral, transdérmico (pela pele) através de adesivos ou géis e intramuscular. A forma oral, através de comprimidos não apresenta resultados satisfatórios, pois a concentração no sangue do hormônio fica aquém do desejado.

O sistema transdérmico apresenta resultados eficazes embora não tenhamos, no momento, nenhuma forma comercializada disponível no Brasil, apenas por manipulação. A apresentação que eu mais prescrevo aos meus pacientes é a injeção intramuscular. Recentemente, foi lançada no Brasil uma testosterona sintética administrada através de injeção intramuscular a cada 12 semanas (3 meses). É muito bem tolerada e os resultados tanto clínico como laboratoriais têm sido bastante satisfatórios.

Os efeitos colaterais mais frequentemente observados incluem: acne, aumento do número de células vermelhas no sangue (policitemia), alterações dos lípides sanguíneos, emocionais e do humor. Por esta razão, a reposição deve sempre ser realizada e monitorada por um médico especialista.