Agende uma consulta
(11) 5543-0150 / (11) 99538-7772
(11) 5543-0150 / (11) 99538-7772
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) obrigou os convênios médicos e seguradores a pagarem por despesas relativas à esterilização masculina, a vasectomia. Muitos homens questionam no dia a dia de meu consultório sobre os prós e contras desta cirurgia.
A vasectomia é a esterilização cirúrgica voluntária realizada por muitos homens pelo Brasil e no mundo inteiro. É uma cirurgia já estabelecida e popularizada em todo mundo desde o início do século dezenove. Foi Hunter, que em 1775, observou a oclusão de ductos deferentes quando realizava estudos em cadáveres humanos. Cooper, em 1823, realizou a primeira vasectomia em cães, mas foi Ochsner que, em 1897, realizou oficialmente a primeira vasectomia em humanos, quando operou dois pacientes com o objetivo de curar a hiperplasia da próstata. Este mesmo autor, em 1899, sugeriu o uso da vasectomia para esterilizar criminosos para que não transmitissem doenças hereditárias à sua prole.
A esterilização voluntária cirúrgica masculina, como opção de método anticoncepcional ganhou grande impulso a partir da década de 60. Foi nesta época de mudanças sociais em todo o mundo que surgiu a ideia de planejamento familiar e um controle efetivo e permanente contra a gravidez indesejável. Devido ao seu baixo custo e simplicidade, logo ganhou popularidade entre homens e suas esposas.
É uma cirurgia realizada ambulatorialmente, ou seja, no consultório médico, sob anestesia local. Tradicionalmente, a anestesia local durante a vasectomia tem sido realizada através de uma agulha fina, a mesma que os diabéticos usam para auto-aplicar insulina. Isto pode causar certo desconforto e dor durante a própria picada e mesmo quando o líquido penetra os tecidos.
De qualquer maneira, ninguém gosta de agulha, independente de seu tamanho. Por isso tenho usado um aplicador de spray que desenvolve uma pressão suficiente para que o anestésico penetre a pele e cause o adormecimento necessário durante a vasectomia. O homem pode voltar dirigindo para casa e é solicitado repouso sexual por 7 dias. Além disso, deve ser realizado um espermograma (exame do líquido seminal) depois de 60 dias para averiguar o sucesso da cirurgia.
O grande estigma da vasectomia foi a de poder causar sequelas, principalmente na esfera sexual do homem. Hoje, sabemos que isto é absurdamente impossível.
Por sinal, a minha tese de Mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina da USP teve como objetivo principal mostrar que a cirurgia de vasectomia não mudava o comportamento sexual dos homens operados. Na ocasião, entreguei questionários sobre a vida sexual a 64 homens que seriam submetidos a esta cirurgia. Decorridos 90 dias em média da vasectomia, solicitei aos mesmos 64 homens que respondessem o questionário novamente. O resultado foi interessante: a esmagadora maioria relatou melhora da função sexual, principalmente desejo sexual e satisfação sexual após a esterilização.
Muito importante foi o fato de eu não achar um único homem que tenha ficado com dificuldade de ereção após a cirurgia. Estes resultados apenas comprovam o óbvio: de que a cirurgia de vasectomia não tem razão biológica para causar complicações sexuais, pois durante o procedimento cortamos apenas os vasos deferentes e não vasos sanguíneos ou nervos responsáveis pela ereção.
O homem ideal para a realização do procedimento deve estar na faixa dos 35 anos, casado e com estabilidade conjugal, ou seja, não pensa em se separar e que tenha pelo menos 02 filhos vivos. Pela lei federal basta estar acima de 25 anos de idade, mas na minha opinião, é muito cedo.
Sempre costumo dizer aos meus pacientes que são candidatos a vasectomia que o problema não é a cirurgia em si, que tecnicamente é muito simples e rápida, mas sim, a decisão de tornar-se estéril e, portanto, perder uma das funções do homem: a de reprodutor. Para alguns pode ser um dilema filosófico e deve ser repartido sempre com a esposa ou parceira.
A vasectomia é reversível ou não?
De fato pode ser reversível, mas não é tão simples assim. A cirurgia de reversão não traz resultados satisfatórios para todos os casos e a cirurgia é muito mais complexa do que a da vasectomia, exigindo internação hospitalar e utilização de aparelhagem bem sofisticada, como um microscópio de última geração.
A taxa de sucesso com a reversão é inversamente proporcional ao tempo decorrido entre a vasectomia e a tentativa de revertê-la.
Em suma, a vasectomia é um método anticoncepcional bastante efetivo, simples, relativamente barato, permanente e que, pelas estatísticas, apresenta baixos índices de arrependimento. Palavra de quem vos escreve como médico e também paciente (já fiz a vasectomia!).